terça-feira, 9 de abril de 2013

A coragem dos que estão lá


   Admiro a coragem dos que escolhem viver uma vida de saudade. Aqueles que por livre e espontânea vontade deixam para trás a sua cidade natal, os amigos de longa data, a família, os rostos familiares. Não me refiro aos que tentam fugir, nem aos que buscam a felicidade em outros lugares, outras pessoas, e que dão graças a deus por pegar o avião – sem lembrar que não importa para onde viajemos a gente sempre vai junto.
   Não que não os admire, não é isso. Mas hoje estou falando daqueles que são felizes e tem uma vida boa na terrinha. Que têm amigos, família, planos, desejos e lugares favoritos. Não vivem uma vida triste em casa. Muito pelo contrário. Sabem que seriam capazes de ter uma vida plena e alegre no lugar onde nasceram. E ainda assim escolhem correr atrás de algo maior.
   Pode ser um emprego atraente, um grande amor, a segurança de dormir de portas abertas ou poder morar há menos de 10 minutos da praia. Os motivos são variados e cada um tem o seu. Mas não são fugas, muito antes pelo contrário, são buscas. Troca-se o certo pelo duvidoso, o bom pelo que tem o potencial de ser ótimo. Arrisca-se e arriscar-se é viver.
   São pessoas admiráveis as que escolhem o caminho mais difícil. Sabem que enfrentarão uma vida de saudades, de ausências e de momentos de solidão. Claro que se fazem novos amigos e grupos, mas tem coisas que só aqueles que nos conhecem desde sempre podem fazer por nós. E a vida longe deles pode ser um pouquinho mais difícil. Mas o difícil não assusta estas pessoas. Elas sabem que o que buscam vale qualquer dificuldade.
   Buscar o que se acredita, ir atrás do que se quer, mesmo sabendo que a estrada será dura e por vezes solitária. Aventurar-se mundo afora, contando com a boa vontade de pessoas até então estranhas e buscando descobrir-se enquanto se descobre a vida. Uma vida de saudades. Mas as saudades se tornarão pequenas quando olhar para trás e ver as conquistas, os objetivos alcançados, o sonho concretizado, mesmo que de forma diferente daquela idealizada no começo da viagem. Admiro os que sabem que precisam ir embora e vão. E também aqueles que não precisam, mas que querem e vão.
   E que as saudades, que hoje parecem gigantes, fiquem cada vez menores, mais toleráveis, mais esparsas. Até mesmo porque aqueles que te conhecem desde sempre, sempre irão te conhecer.
Texto retirado de: http://meulirio.wordpress.com/2013/03/18/a-coragem-dos-que-que-estao-la/

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