sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Entrevista com Prof. Dr. José Luiz Riani Costa - SUS - Parte 5


O profissional: Atualmente, o médico José Luiz Riani Costa é Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista- UNESP, Departamento de Educação Física - Câmpus de Rio Claro. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Políticas Públicas Municipais Voltadas à População Idosa, atuando principalmente nos seguintes temas: atividade física e saúde, saúde do idoso, gestão da saúde, envelhecimento e políticas públicas. (Retirado do currículo Lattes)

Entrevista

01 – Discorra sobre sua formação e atuação profissional.
Resposta: Durante o curso de graduação em medicina na UNICAMP (1972 a 1977) pude observar as precárias condições de vida de uma grande parcela da população e as consequências no seu estado de saúde, constituindo uma primeira aproximação com a saúde pública. Nos últimos anos do curso fui monitor no Departamento de Medicina Preventiva e Social e estagiário na Prefeitura Municipal de Campinas e outras da região. Em 1978, comecei a trabalhar como médico junto à Secretaria de Saúde de Campinas, na periferia da cidade, em uma das experiências pioneiras no processo de municipalização da saúde. Em 1979, fiz o Curso de Especialização em Medicina do Trabalho e fui contratado como docente na Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Em 1983, conclui o Mestrado em Medicina, com dissertação sobre uma doença profissional, e em 1984, fui para um cargo na Medicina do Trabalho no Ministério do Trabalho, em Brasília (DF). No ano seguinte fui professor do Departamento de Saúde Pública, na Faculdade de Medicina da UNESP, em Botucatu, e em 1986, voltei a trabalhar em Brasília, no Ministério do Trabalho, desta vez para ocupar o cargo de Secretário de Segurança e Medicina do Trabalho. Paralelamente, tive a oportunidade de acompanhar os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, vivenciando as lutas de diferentes setores da sociedade na tentativa de garantir seus direitos e a pressão exercida por setores econômicos para manter ou ampliar seus privilégios, demonstrou as faces da luta democrática em uma realidade com tantas diferenças. Ao sair do Ministério do Trabalho, em 1988, fui docente do Departamento de Saúde Coletiva, da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB. A seguir ingressei na carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, exercendo minhas funções no Ministério da Saúde. Em 1992, passei a atuar junto ao Laboratório de Planejamento Municipal, da UNESP, em Rio Claro, e no Curso de Administração Pública, em Araraquara. Depois fui Secretário Municipal de Saúde de Rio Claro (1997/98) e mais tarde passei a atuar junto ao Departamento de Educação Física da UNESP, em Rio Claro, trabalhando especialmente com a população idosa. Em 2002 conclui meu Doutorado na UNICAMP, sobre políticas públicas municipais voltadas à população idosa. Entre 2005 e 2008 exerci cargos no Ministério da Saúde e depois retornei à UNESP em Rio Claro. Assim, tem sido gratificante poder, neste momento de minha carreira, compartilhar com os alunos toda a experiência acumulada ao longo da vida, permitindo que o conteúdo teórico seja ilustrado com situações concretas que pude vivenciar.

02 – O sistema de saúde pública do Brasil é considerado referência mundial, assim como o da Inglaterra, França e Cuba, por ser um sistema gratuito e de amplo atendimento. Outros países, como os Estados Unidos da América, contam apenas como sistema privado, excluindo uma parcela da população, apesar de grande poderio econômico e tecnológico. Levando em consideração os diferentes sistemas existentes no mundo, faça uma análise comparativa entre eles e o SUS, apontando as vantagens e desvantagens.

Resposta: A proposta original do SUS teve como referência os sistemas do Canadá, da Inglaterra e de Cuba. Portanto, há muitas semelhanças, como o caráter público, a universalidade, a integralidade, a regionalização e a hierarquização. Mas temos diferenças, pois a Inglaterra e Canadá têm um volume de recursos financeiros e materiais bem superior ao nosso, enquanto que em Cuba o modelo econômico é bastante diferente. Por outro lado, o SUS tem uma marca muito importante que é a participação da população e dos trabalhadores da saúde na definição das diretrizes da política de saúde e do acompanhamento da execução, por meio dos Conselhos e das Conferências de Saúde. Neste sentido, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Saúde promoveram a inclusão digital dos Conselhos estaduais e municipais e vem efetivando a educação permanente dos conselheiros, melhorando ainda mais o controle social das políticas de saúde.

Matéria cedida pelo PET Farmácia, UNESP de Araraquara, escrita pelos acadêmicos Flávia Benini da Rocha Silva, Marina Soares Straci e Renan Willian Alves

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