sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Para os pais...

Muitas vezes, a saída de casa é mais difícil para os pais do que para os filhos. Então, pensando neles, nossos pais fizeram dois depoimentos contando um pouquinho dessa experiência.

Por Rosa e Cesar (Pais de Pigméia):

"Nascemos e residimos em São Paulo. Nossos filhos sempre foram super protegidos, em função de todas as adversidades que uma grande cidade tem, principalmente a violência. Nosso filho, oito anos mais velho que a filha, estudou e sempre morou conosco. A filha, que hoje cursa o quinto ano de medicina veterinária, nos surpreendeu, afinal não era o que tínhamos previsto. Ao recebermos a notícia de que havia passado no vestibular da UNESP, de Jaboticabal, uma cidade a quase 400 km de São Paulo, experimentamos um sentimento muito estranho , um misto de alegria e tristeza simultaneamente, mas em nenhum momento nos manifestamos no sentido de impedi-la e sim, apoiá-la e pensarmos no que poderíamos fazer para respaldá-la à distância.
O momento mais difícil, até doloroso, foi o dia da matrícula. Chegamos à noite, em uma cidade desconhecida por nós, e fomos direto conhecer o campus. Neste momento, a realidade: Ela vai mesmo estudar aqui!!! E aí, tivemos mais pensamentos negativos do que positivos: “Estamos perdendo nossa filhota. Serão 5 (CINCO) anos, não aguentaremos de saudades. E ela só tem 17 anos, como irá se virar?”. O campus a noite parecia assustador, os prédios distantes um dos outros, cercados de árvores e mais árvores, parecia um lugar ermo e cheio de mato. - “Meu Deus!!!!”
Vencido esse primeiro momento, que era de puro sentimento, juntos passamos a raciocinar sobre moradia, meios de locomoção, alimentação, hospitais, farmácias, mercados etc. Na cidade fomos muito bem recebidos em todos os locais que tivemos, ela dispõe de tudo um pouco em todos os segmentos e é bem tranquila. A questão da moradia era dúbia, morar sozinho ou com alguém? Para o pai era melhor morar com outras pessoas, a mãe não tinha dúvida que o melhor era morar sozinha. Experimentou as duas coisas, morou durante um tempo com outra estudante, o que foi uma experiência importantíssima no sentido de compartilhar, flexibilizar e respeitar. Após esse período, decidiu ter seu próprio espaço, e aí, a total independência, mas também a total responsabilidade por tudo: casa, faculdade, seus próprios atos, tomar inciativa, correr seus próprios riscos, mas a certeza de que em momentos mais difíceis, a nossa prontidão em ajudá-la ou apoiá-la. Hoje, por mais difícil que tenha sido cortar o cordão, foi importante para ela e para nós. Para ela, oportunidade de aprendizado, desenvolvimento, capacidade de assumir todas as responsabilidades. Para nós, a certeza de que nós pais não podemos traçar o destino dos nossos filhos e muito menos subestimá-los, eles nos surpreendem a cada dia e cada momento dessa trajetória, pois dentro de suas bagagens eles levam os exemplos que demos, o aprendizado e conhecimentos adquiridos e os valores herdados.
Os tais 5 anos passaram e nem percebemos. Nossa filha sempre esteve muito feliz e cercada de muitos amigos. Enfim, aprendemos também que o que podemos mesmo fazer é desejar e contribuir para a felicidade deles, mas não podemos ser felizes por eles."

Por Adalgisa (Mãe de Yes-Baby):

"Ver o nome do filho na lista dos aprovados da faculdade, uma mistura de sentimentos inexplicáveis. Surge então aquela ansiedade, seguida pela euforia de todas as novidades que estão por vir, e a insegurança de saber que em pouco tempo já não terá mais o controle total de seu filho.
Com todas essas situações ainda havia uma duvida maior na época: Qual faculdade escolher? Minha filha sempre almejou estudar na UNESP por ser mais próxima a nossa casa, em Ribeirão Preto, entretanto não foi aprovada na primeira lista, o que fez com que ela precisasse optar entre outras faculdades. No começo tudo foi muito desgastante. Ela não queria ir para as outras opções que existiam no momento, não gostou da cidade em que estava, mas acabou aceitando posteriormente. Em seguida, foi chamada pela UNESP, e mais do que prontamente fez todas as malas com presteza e veio embora.
No dia da matricula estávamos todos apreensivos, assustados com a distância da faculdade com os demais pontos principais da cidade, e sem saber onde procurar por informações, afinal o curso já estava em andamento. Diante desses fatos, resolvemos que no começo ela iria ir e voltar todos os dias para casa até que se habituasse ao lugar e pudesse então escolher onde moraria. Passado esse tempo, ela resolveu morar com uma colega de sala, que na época procurava uma menina para dividir o apartamento, e desde então elas moram juntas.
 Apesar de voltar quase todos os finais de semana para casa, há um sentimento de perda no começo, pois sabia que ela iria começar a trilhar seus próprios caminhos, e que eu já não estaria mais presente da mesma forma para apontar o norte de suas escolhas. Contudo o fato dela estar a apenas 60 quilômetros de casa me tranquilizava de alguma forma.
Hoje, ela cursa o terceiro ano de Medicina Veterinária, e está mais adaptada do que nunca, e vejo a cada dia que estudar em Jaboticabal era realmente o que ela queria e foi , de fato, a melhor escolha."


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