quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Entrevista com Prof. Dr. José Luiz Riani Costa - (SUS) - Parte 7


06 – Discorra sobre a evolução do SUS ao longo dos anos e o que se espera de avanços para esse sistema no futuro.

Resposta: O Pacto pela Saúde, firmado em 2006 entre gestores das três esferas de governo, foi um passo importante na efetivação do SUS. Entre as prioridades pactuadas estão: Fortalecimento da Atenção Básica (com ênfase na Estratégia Saúde da Família); Promoção da Saúde (com ênfase na prática de atividades físicas e a alimentação saudável); Saúde do Idoso; Controle de doenças emergentes e re-emergentes e Redução da Mortalidade Materna e Infantil. No campo das urgências e emergências, aconteceu a implantação da rede de atendimento móvel (SAMU) e de pronto atendimento (UPA). Também aconteceu, depois de muitos anos de tramitação, a regulamentação do financiamento das ações de saúde e, mais recentemente, a regulamentação da Lei Orgânica do SUS. Estas medidas, entre outras, e algumas iniciativas na qualificação da gestão, na humanização do atendimento e na educação permanente dos trabalhadores da saúde, vêm melhorando o desempenho do sistema, mas ainda há muita coisa a fazer.

07 – Diante da grande importância da atuação dos profissionais de saúde no SUS, como esse tema deveria ser abordado e relacionado com os cursos de graduação da área da saúde?

Resposta: A política de saúde é umas das que mais dependem dos trabalhadores, os quais precisam ter remuneração digna, adequadas condições de trabalho e qualificação profissional. Para aqueles que já estão inseridos nos serviços, há necessidade de ampliar as ações de educação permanente, tanto em termos técnicos, quanto na humanização do atendimento. Em relação aos futuros profissionais, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação vêm se articulando para garantir a qualidade dos cursos de graduação da área da saúde, incluindo a produção de material bibliográfico, parcerias com serviços da rede de saúde para atividades práticas e modalidades diferenciadas de bolsas, como o PET-Saúde. Infelizmente, em alguns cursos da área da saúde, o profissional forma-se sem ter acesso aos conhecimentos sobre saúde pública ou coletiva e menos ainda sobre o SUS, evidenciando uma lacuna que precisa ser urgentemente sanada. Além do apoio ao curso de graduação, há necessidade de incentivar Especializações, Residências Multiprofissionais e Mestrados Profissionais, para minorar os vazios assistenciais.

08 – Elabore suas considerações finais.

Em minhas aulas sobre políticas de saúde, costumo fazer um exercício com os alunos, pedindo que cada um escreva uma palavra sobre “O SUS que temos”, e outra sobre “O SUS que queremos”. Geralmente, a primeira resposta é negativa, muitas vezes reproduzindo a imagem veiculada pelos órgãos de comunicação, embora sempre exista alguém que, por ser usuário do SUS integralmente, ou por ter parentes ou amigos que trabalham no SUS, dando o máximo de si para que o sistema dê certo, reconhecem seus méritos. A imagem que todos querem é muito parecida com os melhores sistemas de saúde do mundo. Então eu faço mais uma pergunta: “O que você se compromete a fazer para transformar o SUS que temos no SUS que queremos?”. Depois de um tempo de reflexão, todos percebem que têm um papel a cumprir nesta missão, seja como trabalhador da saúde, como usuário ou como cidadão, consciente de seus direitos e com energia para lutar por eles, como conselheiro ou eleitor, escolhendo bem seus representantes e cobrando deles as medidas necessárias para que, de fato, a saúde seja direito de todos e dever do Estado.

Matéria cedida pelo PET Farmácia, UNESP de Araraquara, escrita pelos acadêmicos Flávia Benini da Rocha Silva, Marina Soares Straci e Renan Willian Alves

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