quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Castração precoce


Antes realizada apenas como método de esterilização, hoje a castração pré-puberdade 
está entrando para o rol de cirurgias preventivas, fazendo com se torne incerta sua 
prática, com tantos benefícios e tantas desvantagens.
        
           Alguns dados sugerem que existem no Brasil cerca de sete milhões de gatos e vinte e cinco milhões de cães domiciliados, inseridos em todas as classes sociais. Um equilíbrio biológico é então necessário, a fim de que a interação entre seres humanos e animais não seja afetada, considerando que um número excessivo desses animais gera gatos e cães errantes e superpopulações, podendo ocasionar vários problemas para a saúde pública. Métodos cirúrgicos que induzem à esterilidade permanente, seja por alterações anatômicas do aparelho reprodutor, por meio de remoção cirúrgica parcial (ovariectomia e deferentectomia) ou total (ováriossalpingohisterectomia e orquiectomia), ajudam no controle da reprodução de cães e gatos.
A castração precoce, a qual inicialmente buscava o controle populacional, ganhou novas conotações e, muitas vezes, a esterilidade não é o motivo principal para realizá-la. É um procedimento que vem sendo realizado em grande parte do mundo, em especial nos Estados Unidos, o qual faz com que cada vez mais não só os médicos veterinários, mas os próprios proprietários passem a questionar a idade ideal para um melhor desempenho desse método e se deve ser realizada com outros intuitos. Sabe-se que pacientes jovens se recuperam mais rapidamente, têm menor incidência de complicações durante ou  posteriormente à cirurgia, além da incisão ser menor e o tempo de duração da cirurgia reduzido.
Além disso, a castração previne as chances de piometra, patologia que acomete o útero de gatas e cadelas, de meia idade a idosas e não castradas. Sua caracterização deve-se a uma infeccção bacteriana, com presença de exsudato muco-purulento no lúmen uterino, em decorrência de uma estimulação prolongada de hormônios, o que gera uma hiperplasia endometrial cística. Na fase do diestro, o aumento do nível de progesterona aumenta atividade das glândulas secretoras e diminui a defesa imunológica, bem como a atividade miometrial, favorecendo as infecções.
É provado que a incidência do tumor de mama, o segundo mais freqüente em cadelas e o terceiro que mais acomete gatas, cai para 0,5% quando a fêmea da espécie canina é castrada antes do primeiro cio, todavia, se é castrada após o segundo cio, essa intervenção cirúrgica não possuem efeito. Infelizmente, nem tudo são “flores”, a castração precoce pode gerar aumento no risco de problemas ao animal, dentre eles a incontinência urinária, caracterizado como uma condição debilitante que acomete principalmente fêmeas castradas, sendo que a sua incidência é estrógeno-dependente. Essa patologia é causada por decréscimo na pressão de fechamento uretral, aumento do depósito de colágeno na musculatura lisa da bexiga e alterações hormonais.
Outra desvantagem da castração precoce é o ganho de peso, mesmo que o consumo de alimento não varie. Não está claramente definida a relação entre a castração e a obesidade nos animais domésticos, sabe-se que cadelas castradas têm um aumento de apetite e ingestão de alimentos e, o estrogênio pode ter a ação de um fator de saciedade. Felizmente, essa situação pode ser controlada com prática de exercícios físicos e uma dieta adequada.
A precocidade de uma castração também provoca o retardo do crescimento do cão e do gato. Isso ocorre porque a maturidade do esqueleto está relacionada à puberdade, a qual sofre ação direta dos hormônios sexuais, os quais, por sua vez, influenciam o metabolismo dos ossos. A prática também atrasa o fechamento das epífises ósseas, significando que o animal permanece em crescimento mais tempo e tem estatura um pouco maior do que teria caso fosse “inteiro”.
E as desvantagens não param por aí, principalmente nas cadelas, as dermatites peri-vulvares e as vaginites são associadas à castração, principalmente quando esta ocorre antes da puberdade. Além disso, alguns estudos demonstram que a castração precoce em gatos e cães pode desenvolver tumores nas glândulas adrenais.
Sabe-se que mais estudos devem ser feitos. O que se recomenda é que a castração para animais de pequeno porte ocorra quando ele está com sete semanas de vida. O fator financeiro também é importante e conta muito quando o médico veterinário opta pela castração precoce, a qual gera redução de gastos e duração da cirurgia. Os riscos genéticos também podem influenciar na escolha, por exemplo, se houver casos de câncer de mama na família. Desta forma, deve-se colocar em uma balança, as vantagens e desvantagens da castração precoce, sendo que a escolha deve ser aquela que busque o melhor para o paciente.

                                                                                                           Larissa Ayane (Gyrina)





         


           

Um comentário:

  1. Pena que é tão difícil achar quem castre nessa idade. A maioria dos lugares só castra a partir de 5-6 meses...

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