quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Meu cachorro, meu filho!

Se você diz que seu cachorro “pensa” que é gente, engana-se. Nós é que pensamos, queremos que ele nos imite e, mesmo que inconscientemente, assim o fazemos. Quer alguns exemplos? Hoje é muito comum encontrar grifes de roupas e acessórios, salões de beleza, velórios, creches e festas de aniversário, todos preparados especificamente ao querido cãozinho. E a mais nova moda é transformá-los em seres vegetarianos ou, mais radicalmente, em veganos, ou seja, que não ingerem nenhum tipo de proteína de origem animal. Isso mesmo, os humanos querem os seus cães tão parecidos com eles, que até as suas filosofias de vida estão sendo adotadas passivamente pelo animal.
A relação entre cães e humanos vem de longa data. Historiadores acreditam que esta relação tenha iniciado há pelo menos dez mil anos, e a espécie canina foi a primeira a ser domesticada pelo homem. O cão não teria sobrevivido até aqui sem a ajuda do seu padrinho humano, já que essa relação pode ser classificada, teoricamente, para alguns estudiosos, como um tipo de parasitismo, em que uma espécie provê a sobrevivência de outra sem receber em troca nada que aumente suas chances de sobrevivência ou de reprodução. E esta proveniência pode custar bem caro (literalmente) para uma das partes, pois o parasita peludo pode chegar a custar R$70 mil ao longo de dez anos. Então, por que não gastar todo esse dinheiro com seres da mesma espécie?
Os cachorros sempre foram bem aceitos na sociedade, pois já assumiram papéis importantes na evolução humana. Quando o homem achou por bem caçar suas presas, os cães as farejavam; quando preferiu pastorear ovelhas, os cães as tocavam; quando teve de sobreviver na neve, os cães puxavam os trenós. Mas, o mais importante papel é o que ele nunca deixou de fazer: a relação afetiva, o companheirismo e a lealdade, algumas características inerentes à espécie, o que, muitas vezes, é difícil encontrar tão verdadeiramente em outros humanos. Deve ser por isso que, mesmo sendo uma relação tão cara, o homem ainda está disposto a pagar por ela. E deve ser o mesmo motivo pelo qual os queremos cada vez mais perto, cada vez mais parecidos conosco.
O fato é: cachorro é cachorro e gente é gente, e isto não é tão óbvio quanto parece. Essa relação deve ser mantida em equilíbrio, porque quando uma das partes tenta ser parecida com a outra, ambas vão sofrer as consequências. Quem nunca ouviu falar da tal ansiedade de separação? É muito comum e acontece porque o cão se torna excessivamente dependente do seu dono. E os dois sofrem por isso. O cão, porque se sente tão desprotegido sem seu dono, que prefere não se alimentar, choramingar, lamber compulsivamente a sua pata ou achar uma distração bem divertida, como comer todo o sofá da sala. O proprietário, porque não gosta de sair de casa e deixar seu animal triste ou porque sabe que quando voltar vai encontrar a sua casa destruída. E porque deixamos isso acontecer? Porque assim o criamos desde filhote, como filhos.
Cães não se importam se sua coleira tem pedras de diamante ou se é apenas um pedaço de tecido velho amarrado em seu pescoço. Cães não gostam de usar sapatos. Cães não ficarão chateados caso não ganhem uma festa de aniversário. Quem se importa com isso somos nós. O que eles realmente precisam é de um pouco de atenção e carinho, alimento de qualidade e cuidados com a sua saúde, nada em excesso. Quando esta relação é equilibrada, ela deixa de ser parasitária e se torna simbiótica, e é assim que naturalmente deve ser.
 Michelli Fenerich (Malisa)



Não, seu cãozinho não gosta de roupas natalinas   



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