terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um alimento cavalar

    O consumo de carne de cavalo tem origem de povos antigos. Os germânicos, nas festas pagãs em celebração ao deus Odin (símbolo de bravura, altivez e valor), comiam pratos preparados com tal carne. Porém, no século VIII, o Papa Zacarias proibiu o consumo de carne equina, como forma de acabar com a cultura pagã. Entre os séculos XII e XIII, chefes de tropas do imperador mongol Gengis Khan matavam os cavalos que não conseguiam mais trabalhar e lutar, e consumiam sua carne como forma de driblar a fome oriunda da guerra. A enciclopédia Larousse Gastronomique conta que o consumo na França foi impedido até 1811, porém, em 1856, aconteceu o chamado “banquete hipofágico”, no Grand Hotel de Paris, no qual escritores e cientistas provaram e aprovaram pratos à base de carne de cavalo.
    O consumo de carne de cavalo no Brasil praticamente é nulo, mesmo o país sendo o terceiro maior produtor e exportador desse produto e possuindo cinco abatedouros especializados. A produção de 15 mil toneladas por ano abastece países onde a carne é apreciada pela maioria da população, como Itália, França, Holanda, Bélgica e Japão. Esse mercado gera uma receita de US$ 35 mil anuais, no qual o quilo na carne é vendido por, no mínimo, R$ 25,00. O rendimento de carcaça médio do equino é de 55%, variando de 40% a 50% nos animais mais magros e de 60% a 65% ,nos mais gordos.
    A carne de cavalo, em comparação a carne bovina, tem uma coloração mais forte, tendendo ao vermelho escuro. Seu gosto é mais adocicado devido ao alto teor de glicogênio, e a gordura é escassa e fluída, a qual rodeia os feixes musculares sem misturar-se com as fibras. Ela oferece ainda mais proteínas e ferro que a bovina. Porém, na Grande enciclopedia illustrata della gastronomia (Guarnaschelli Gotti Marco), a carne de cavalo está em desvantagem pelo seu sabor adocicado, cor mais avermelhada e por ter que ser servida grelhada e mal passada.
     A produção de cavalos somente para o abate não apresenta vantagem econômica, pois ela se torna mais cara quando comparada com outras criações como a bovina e suína, pois os equinos crescem e ganham peso mais lentamente. Os cavalos de destino a abate são aqueles considerados impróprios para o trabalho ou abandonados por seus proprietários (desde que a condição de saúde do animal esteja adequada). Cavalos atletas não são destinados à linha de produção quando terminam sua vida de competições e treinos. O processo é feito dentro de todas as normas sanitárias e de abate humanitário vigentes.
Em maio de 2007 o governo americano cedeu às manifestações de grupos como Animal Welfare Institute e PETA, intituladas “matança cruel de cavalos”, cortando as verbas destinadas a fiscalizações sanitárias nos abatedouros. Como resultado, neste ano, todos os frigoríferos especializados em abater cavalos foram fechados. Em 2008, com a inesperada crise econômica, inúmeros proprietários que não tinham mais como tratar de seus cavalos os abandonavam em beiras de estradas ou terrenos. Em 2009, o número de animais abandonados no Colorado, por exemplo, pulou de 975 (2005) para 1,6 mil. Em virtude disso, cerca de 140 mil animais foram mandados para Canadá e México para serem abatidos. Sendo assim, como forma de criar mais empregos, Barack Obama, no final de 2011, aprovou uma lei que permite destinar verba à inspeção de carne de cavalo e reabrir os matadouros nos EUA.
    O repúdio ao consumo de carne equina no Brasil ambienta-se no fato de que os cavalos são animais de companhia, os quais acompanham seu dono em longos períodos e fases de suas vidas. Além disso, são considerados animais de alto nível, seja por sua força ou beleza. Porém, o consumo de outras carnes é altamente aceito pela sociedade, mesmo sabendo que os outros animais também são capazes de realizar tais feitos. Você concorda com isso?

  

Gabriel Luiz Montanhim (Xevetchy)





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