Por dez dias vivenciei, sob
a minha ótica e o meu conforto, uma realidade que não é a minha, mas que me
afetou. Vi muitos dormindo nas calçadas, mal abrigados e descobertos, largados
e esquecidos. Quando amanhecia, os que pareciam moribundos ganhavam vida e, de
alguma forma, misturavam-se e camuflavam-se com os demais, que desde as sete da
manhã estavam a postos lutando pelo seu pão. Os garis limpavam a sujeira que
podiam das ruas nessas noites. Os mais sujos eram os policiais, que
salvaguardavam o centro histórico à sua maneira... honestamente, não vi
utilidade em tê-los ou não ali.
Mal amanhecia e o sol no céu queimava a pele dos desprotegidos, despreparados e sem mãe: os turistas - aqueles que passam repelentes, protetor solar fator 60 e tentam ilusoriamente estar preparados para todas as adversidades.
Os nativos, de pele morena, alguns vestindo carrancas no lugar habitual dos seus rostos, armados e xenofóbicos... Outros, simpaticíssimos, gentis e de sorriso largo, prontos para ajudar ou dar um bom dia efusivo, contrastando e dando vida aos dias quentes e aos ônibus e ruas lotadas.
Mal amanhecia e o sol no céu queimava a pele dos desprotegidos, despreparados e sem mãe: os turistas - aqueles que passam repelentes, protetor solar fator 60 e tentam ilusoriamente estar preparados para todas as adversidades.
Os nativos, de pele morena, alguns vestindo carrancas no lugar habitual dos seus rostos, armados e xenofóbicos... Outros, simpaticíssimos, gentis e de sorriso largo, prontos para ajudar ou dar um bom dia efusivo, contrastando e dando vida aos dias quentes e aos ônibus e ruas lotadas.
Em Raposa, um povoado
vizinho de mulheres rendeiras e homens trabalhadores do mangue, estão abertos à
visitação e encantam com sua simplicidade e com suas palafitas sofisticadas que
comercializam Coca-Cola, ainda que mal tenham água encanada.
O sossego das pessoas se
assemelha ao de suas tão famosas dunas e lençóis. O reggae que ecoa nas
esquinas, misturado ao som de um forró mais que animado, é o que movimenta o
povo nas baladas. Tenho pra mim que se não fosse a sua música, eles não seriam
os mesmos.
Foi por essas e outras que
eu percebi, ao contrário do que a mídia vende, que não são somente os sabores
como o do cupuaçu, cajá, bacuri e do famoso Guaraná Jesus, a disposição dos
azulejos e a arquitetura das velhas casas quem dão o gingado e a
malemolência típica de São Luis do Maranhão. Adiciona-se também os contrastes e
as percepções de fatos reais, vividos por mim e por outros que desconheço,
nesta cidade muito longe, muito longe daqui, que tem problemas que
parecem os problemas daqui. E para
os que desconhecem qualquer fato a respeito, estar no Maranhão é arte, suar faz
parte.
Natália Benincasa (Pi-xanga)
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